Oficina de Choro, Paris

Paris é terra de muito Choro, e já não é de hoje. Um dos ícones do cenário chorístico francês é o gentilíssimo violonista Denis 7 Cordas, que há mais de sei lá quantas décadas vem dando uma enorme contribuição à divulgação da Música Brasileira tanto na margem direita quanto na margem esquerda do Sena.

Uma de suas mais recentes empreitadas, das quais tive o prazer de participar, é uma Oficina semanal de Choro. São verdadeiras aulas temáticas sobre música instrumental brasileira, seguidas de uma boa Roda de Choro, claro. Com esse projeto, o incansável Denis proporciona uma oportunidade interessantíssima para quem quiser mergulhar no assunto Choro, aprofundar-se, talvez afundar-se e afogar-se, ou então somente nadar um pouco sobre as águas cristalinas da música instrumental brasileira. A única coisa certa é: com essas Oficinas de alto teor didático do Denis, ninguém fica boiando.

O choro em Paris rola solto, e já não é de hoje

O choro em Paris rola solto, e já não é de hoje

Convidado pelo Bando do Chorão, no dia 27 de Abril de 2010, dei minha colaboração à Oficina, aproveitando minha estada em Paris neste então. Falei sobre a interpretação no Choro — tentando, claro, não me limitar ao bandolim, mas abordando o papel do solista enquanto agente potencializador da práxis interpretativa direcionadora da psique. Ou qualquer coisa nessa linha.

Foi muito interessante porque os participantes eram todos músicos com um bom conhecimento da linguagem do Choro, em grande parte graças ao já mencionado trabalho intensivo do Denis no tocante à formação de chorões na França. Em linhas gerais, eu fiz o seguinte:

— dei minha opinião sobre as diferenças entre variação e improvisação dentro do contexto chorístico;
— expliquei as formas musicais do Choro, e os pontos que tradicionalmente comportam variações e improvisos;
— insisti bastante na importância do constante bom-humor, da ironia sutil, da liberdade interpretativa e da naturalidade, que ao meu ver é o que caracteriza o estilo chorado de execução;
— por fim, busquei demonstrar de modo prático alguns caminhos básicos para uma interpretação boa e consistente, que entre tantas coisas, incluem o conhecimento da harmonia da peça, das frases da melodia com seus pontos de apoio, seu desenho rítmico, além é claro de questões menos evidentes como motivos, frases e períodos, dinâmicas, contrastes tímbricos et cetera.

Acho que é desnecessário dizer que, depois de muito papo e debate, não poderia faltar uma boa Roda de Choro na sequência, e assim a coisa foi indo até sabe-se lá que horas!

Todo o esquema (Oficina e posterior Roda de Choro) acontece sempre às terças-feiras no Fleurus, a partir das 19:30, com entrada franca. Tantas informações mais podem ser encontradas no site do Bando do Chorão. Resumindo… só não vem quem não quiser.