Fête du Choro à Paris…

O Choro não é feito de datas. Não é feito de comemorações, de eventos. O Choro é somente Música. Nem sabemos ao certo o ano em que nasceu o Pixinguinha, não sabemos o dia exato em que Dino começou a usar o violão 7 cordas… e, convenhamos, não importa. Entretanto, essa coisa de datas geralmente presta-se muito bem como desculpa para uma boa Roda de Choro. Isto sim, importa.

Como é liquidamente sabido, dia 23 de Abril é o aniversário do Pixinguinha. Se ele nasceu em 1897 ou 1898, resta a dúvida. Nesse clima de imprecisão, o Bando do Chorão tomou a iniciativa de realizar uma Roda de Choro na mítica cidade de Paris, a mesma onde Pixinguinha esteve em turnê com seu antológico grupo “Os Oito Batutas” no começo dos anos 20 (talvez 1922… observe-se novamente que a data exata não importa muito).

Na verdade, tratou-se de um megaevento. A dita Roda de Choro foi precedida de três concertos très bons, com os grupos Brazz, Duo Noites Cariocas e Choro de Gafieira, todos caracteristicamente distintos, mas todos de forte apelo chorístico, exatamente como o Bando do Chorão.

Falando nele, eu nunca entendi muito bem o quê exatamente é o Bando do Chorão, se é um grupo, ou um conceito, se são várias pessoas, ou se é talvez uma organização ecológica sem fins lucrativos que defende os pandas órfãos da alta Normandia. Realmente não sei. Talvez o Bando do Chorão seja uma situação musical, traduzível iconograficamente em algo como um croissant recheado com Música Brasileira ao som de um violão 7 cordas.

Talvez o Bando do Chorão seja algo como um croissant

Talvez o Bando do Chorão seja algo como um croissant

O fato é que no dia 23 de Abril de 2010 eu tive a honra, e por quê não dizer?, o prazer de participar da grande Roda de Choro que ocupou as manchetes em Paris e de que andou-se falando alto pelas boulangeries da cidade luminosa. Precisamente no bar Le Fleurus (que fica no Boulevard Jourdan, 10… Paris, claro), nos davantes da fatídica Cité Universitaire, o Choro correu solto até nem deus sabe que horas.

Mas a questão não termina por aí: como preliminar, no dia 22 de abril o e persuádico já mencionado grupo Chorinho de Gafieira, do qual participam dois peculiares chorões franceses, Thierry Moncheny e Sébastien Pacreau, comandou uma bela Roda de Choro em um boteco francês de cujo nome no momento não me lembro. Mas ora, assim como datas, nomes de bares parisienses importam pouco para um verdadeiro chorão.

Mas esperem… acabo de me lembrar… o tal bar se chamava l’Abri, na Rue de Ménilmontant, número 101, em Los Angelès (ué, mas não deveria ser em Paris? Ils sont fous ces gaulois!).

Com essas e com outras, Paris se consolida como um grande núcleo do Choro gaulês, impulsionado por uma horda de chorões franceses cujo único compromisso é tocar Choro pelo prazer de tocá-lo (como deveria ser sempre).